Estas sao asressonancias de um homem em procura de si mesmo e da verdadeira razao do fazer poetico. Quase absorvido por um brilhante lirismo intelectual, suas palavras evoluem em forma de reminiscenci as subterraneamente, expondo os meandros fundamentais que balizam a existencia e rompe o sufoco daalma.
Ressonancias Poeticas e a hist6ria da poesia de Joao Brito? Sim,mas nao se trata de autobiografia poetica. Ea hist6ria de toda uma geragao que sempre respirou o p6 dominerio e nao conseguiu escrever. E a hist6ria naquilo queelaterndeessencialmenteIiterario.
No meio da Poesia Maldita, procura-se um valor que de sentido a desconcertante experiencia de ser jornalista de um
TEMPOETICA (name tambem de seu primeiro livro) que nao se entende acusta de que ainda
sobrevive. 0 eu lfrico trava um duelo de um PoetaRendido naAuroradenossos tempos.
Suas palavras revelam a hist6ria que trazem versos de A Estrada e a Chave, desencanto, desespero, melancolia, tedio e alegria, que se acumulam no espfrito do sempre jovem Joao Brito,um menino homem que amadurece num mundo desorientado. Ele ve o Prenuncio, ouve a Dace Cantiga Brava, cheira o Bucaneiro,sente a Fluidez – agricultor consumado e degusta Leitura. Os cincos sentidos humanos se misturam em seu livro em uma sinestesia por forga de sua pr6pria experiencia. S6 abrir o livro e ler nao e basto. Como ele mesmo diz, “asestradas da alma conduzem um comboio de (e)ternas esperangas …”.
Nessa paisagempoetica que as palavras desse livro trazem,devemos renunciar a nos mesmos, para comparecermos ao encontro com aantiga verdade dapoesia itabirana.
O livro Ressonancias Poeticas consegue atrair a nossa atengao de diversas formas: coma um guia poetico e lfrico no que concerne a evolugao do pensamento literario de um escritor de nossa terra;uma
obra de referencia que os leitores podem consultar para descobrir a metalinguagem propriamente dita.
Esse livro e um catalisador para um debate informal sabre as inclusoes, omissoes e jufzos do autor sabre a poesia.E um estfmulo aprocura dos textosque foram influencia para ele. As intertextualidades estao nas estrofes e nao estrofes e nao ha coma nao reconhecer suas marcas textuais. Os versos brancos e livres, originais em si, voltam a ter contato com os pr6prios versos em uma digressao que revira a mem6ria de
todos nos leitores. Vai e vem de mem6ria constante e nao apenas um flash back morno. Nossas ressonancias se transfor mam em uma cava sendo minerada por emogoes simples e de valor substancial.
Nao importando o jufzo que se faga dele, o livro, encontra-se aqui um notavel trabalho de lirismo que muitos tern dentro de si e nao conseguem expressar. Ele entretem enquanto esclarece e coloca sob nova perspectiva a evolugao da literatura ao longo da vida e olhar de um homem simples de passos largos, mas nao cansados pelas pedras no meio do caminho.
Professor
Maxsandro Soares
JOAO BRITO
ITABIRA – MINAS GERAIS – 2024
Ressonancias Poeticas – Brito, J.Joao
Direitos Autorais: Copyrightby 2023, J.Joao de Brito E-mail: tempoetica@yahoo.com.br
Proibido reprodugao total ou parcial em qualquer forma de publicagao, sem antes negociagao expressa com o autor.
Reservados todos os direitos de Tradugao e Adaptagao.
Capa: Montagem e Concepgao: Marcos Almeida.
Revisao: Terezinha Francisca de Brito Ferreira.
Ficha Catalografica: Elisabete Tercio dos Santos – Bibliotecaria CRB – 6/MG – Numero: 1240
Transcrevo aqui este texto que descobri por acaso, como tambem por acaso e que acontece a poesia, (desde que existam os elementos a ela propfcios) no ano de 2002, Centenario do poeta Carlos Drummond de Andrade, quando do langamento do jornal artfstico/cultural itabirano, o TEMPOETICA, com o qual me identifiquei com a opiniao, mas mesmo pedindo ajuda a mestres, nao consegui
identificar o tftulo nem a autoria, onde afirma que “qualquer palavra nao serve, que e preciso encontrar aquela que nao traindo o sentimento, aponto de nao o destruir, tern poder de sugeri-lo tao completamente quanta possivel. Palavra ambigua, capaz de expor sem dizer, transmitindo mais em decorrencia da natureza polivalente e difusa de vivencia interior, pois tudo isso, afinal, constitui a meta.fora, o simbolo.
A poesia e a expressao do ‘eu’ pela palavra metaf6rica, jamais o termo direto, a palavra de sentido (mico e preciso. 0 tom indefinfvel da meta.fora corresponde ao indefinfvel da vida interior, ou seja, uma expressao a-16gica, a-narrativa, a-nacional, a-hist6rica e a-descritiva, no fntimo do poeta.
A palavra perde a roupagem gramatical e 16gica, suas denotagoes de dicionario. A palavra poetica, a meta.fora por assim compreendida, acaba se desincorporando das aderencias provenientes de todo emprego convencional e ‘sensato’, adquirindo a caracteristica de linguagem cifrada, vigente num universo fechado, submetido a leis pr6prias.
0 ritmo vem desse carater especial assumido pela palavra poetica. 0 ritmo nao como necessaria repetigao de movimento ou de uma duragao, mas como expressao daquilo que no mundo interior do poeta e permanente movimento em espiral, o ritmo como sequencia de sons, de sentidos e de sentimentos. E ao sistema harmonica de palavras, atraves das quais o ‘eu’ do poeta se expressa em seu conteudo, da-se o nome de ‘poema’.
lndagamos entao: – Que relagao existe entre poema e poesia, pois, se o poeta se
expressa no poema, atraves do poema, onde esta entao a poesia? (0 poema nao e sua apresentagao grafica, formal. E, sim, a soma de signos mediante os quais o poeta procura comunicar-se).E o leitor? Oual a sua fungao?
Todos nos ja pudemos comprovar que um poema lido com admiragao em certa epoca, ja nenhuma comogao provoca em epoca diferente. A receptividade para a poesia varia de leitor para leitor, de epoca para epoca. Issa nao poderia acontecer se a poesia estivesse inserida apenas no poema ou no poeta, porque o leitor nao e um molde passivo destinado areceber a poesia.Ea fungao do poeta nao ea de fabrica-la para entrega-la intocavel, irretocavel, ao bel prazer do leitor, pois o poema comunica aos aficcionados apoesia que existiu (see que existiu) na tentativa do poeta.
Composto o poema, este passa para seu criador a serum meio de comunicagao que o poeta desapareceu ou se modificou precisamente, para que o poema fosse criado. Assim, a poesia passa para o poema, na medida em que este funciona coma um reservat6rio de signos, que conduzem apoesia ou preservam-na de esvair-se.
0 leitor reproduz, entao, o estado lfrico enriquecido das sugestoes do poema, emanadas da fixagao daquilo que ao pr6prio criador da obra era insuspeitada, pois se o homem e uma tentativa de expressao, podemos deduzir entao que nem todo poema e transmissor de poesia. E que nem toda poesia e percebida apenas atraves
de poemas.”
Apresenta ao
Ressonancias Poeticas e um selecionado de versos desmembrados que e direcionado a uma trfade ‘Poema Poeta-Poesia’, de um livro ja ha muito tempo no prelo, ‘Eternas Ressonancias, do mesmo autor, uma proposta que vem com a finalidade de mistificar/desmistificar o que vai de encontro a este mundo num processo bem desembestado, fazendo da poesia mais que subversao, mostrando aos poetas e tambem aos aficionados pela poesia, necessidade de registrar egos, pensamentos de seu ‘eu’ para outros tempos, outros ambientes.
E onde o poeta pode realmente se perceber coma um
viajante por terras impenetraveis (salvo por ele pr6prio) retratando temas de cunho mais condizentes a poesia
havendo, contudo, certo compromisso que o prenda a quest6es de mundividencia, perturbada por vozes que o induz a outro retorno que reconhecidamente nao mais lhe cabe, vista pelo clarao de luz desferido por seus rastros, que seguem agora mais promissores, mais para frente, confiante no mundo, no homem e na vida, esperando outro raio born, breve e que seja certeiro, com poder de mostrar varias portas que o fagam adentrar um estranho pafs, para a busca de um espago maior onde possa se reconhecer mais fntimo da Poesia.
Af o poeta para, retarda a sua pessoal andanga, da ao mundo a contribuigao da qual for capaz, sem medir nem delimitar, tampouco tentar consertar coisas ja existentes nem sempre observaveis a olhos comuns. E com olhos de aguia e coragao de um menino reflete para o mundo o
mais puro significado da criagao ja existente e perfeita, que apenas repousa asombra do CRIADOR.
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Sumario
Ressonancias Poeticas………………………………………………. 07/1o
Leitura………………………………………………………………… 12/13
Licenga a Um Poeta Maior……………………………………………. 14/15
Poeta Rendido na Aurora…………………………………………………. 16
Poesia Maldita………………………………………………………… 17/18
A Estrada e a Chave……………………………………………………….. 19
Asas de Poeta………………………………………………………….. 20/21
Fetichismo………………………………………………………………… 23
Vencimento……………………………………………………………….. 24
Prenuncio…………………………………………………………………. 25
Dace Cantiga Brava………………………………………………………. 26
Bucaneiro…………………………………………………………………. 27
Almas Vagas…………………………………………………………… 28/29
Fluidez – Agricultor Consumado………………………………………. 30/31
Noite……………………………………………………………………….. 32
A Poesia empunha o seu chicote. 0 Poeta deixa-se entao torturar atraves das emogoes, do peso da magia e da forga e resistencia das palavras.
A Poesia e uma bomba,razao pela qual o Poeta nao passa de um eterno campo minado.
A Poesia atiga a sensibilidade, deixa a razao e o pensamento presos, soldados apenas ameros alinhavos.
A Poesia e uma luz que de verdade te ilumina se te queima se te asfixia se te tortura se te devora se te estrangula se te violenta e, principalmente, se te cora, verga e macula.
A Poesia concreta nao passa de uma orquestra de grilos, regida pela batuta de um maestro psic6tico/psicodelico.
A Poesia cavalga no tom, se faz presente numa inesquecfvel cangao,lastimavelmente inaudfvel a ouvidos comuns.
A Poesia e o vefculo dos perdidos,iludidos na profundidade do silencio.E essa mudez desencadeia-se amedida em que se
calam os tontos,os desiludidos do amor.
A Poesia nao se justifica coma um rumo,ela apenas indica a um mapa para a senha da c6pia da chave. Tambem nao e caminho nem porta, e apenas acesso e ainda um clarao, onde o que nao for etico nao tern que ser sempre, necessariamente, considerado antipoetico.
Na oficina da vida – em rustica bancada – o Poeta entalha o coraGao e molda a palavra. Surge-Ihe entao a iniciativa de testar o paladar, experimentar o sabor da Poesia.
E na Poesia que se benzem os tontos, os desiludidos. Mas, soubessem do misterio do silencio das pedras, come-las-iam. E pesadamente arrotariam gases de tanta, tonta felicidade…
0 Poema e o retrato da transfiguraGao eterna ou eterea de seu autor, mas as vezes a maquina emperra, ou o filme se lasca, o enredo se queima.
0 Poema e o andaime do Poeta em sua eterna construGao. Nesse percurso alguns se acidentam, morrem ou simplesmente declinam, enquanto outros poucos atingem, no topo, o extase, a luz, a consciencia, a essencia ea magia da poesia.
Um Poema escrito, amassado ou rasgado e coma um filho gerado que mesmo disso sabido e letalmente negligenciado, ignorado, torturado, porfim, carrascamente abortado.
Um Poeta atado, absorto, vendado, de ma.as vazias ante a desafiadora visa.a do infinito que se oferece passfvel, tambem possfvel de um encontro, um breve toque ou ate mesmo fraternal abraG0. E as indefinidas formas que se completam e consagram com enorme sede de liberdade e luz, para que se possa ser o real direcionador de indecifraveis rumos e o criador de situaG6es que possibilitem formas de exito que possam coroar a existencia e ainda que em sonho, porfim, realiza-las.
0 Poeta le a vida de olhos vendados,tamanha lhe ea ciencia e efeito da moldura, ligado ao imensuravel e misterioso reflexo e abrangencia do espelho.
0 Poeta, tanto no real quanta fictfcio, e o eterno absorvedor e propagador das essencias que geram as favoraveis e mais bem quistas circunstancias.
0 Poeta vive dia a dia, entre conscientes consumpg6es e inconscientes extases pessoais e poeticos.
0 Poeta esta sempre bebedo, embriagado de luz, de raz6es de querencias, ausencias, de demencias, de amor e de eternas saudades.
Lua e Poetas se completam ou se estranham,amedida que o universo de um sugere ou poda alga do mundo do outro. Por isso, todo Poeta e mesmo assim, Luado. Mas, nem toda Lua e sempre assim, Poetica.
0 Poeta diante da vida parece uma raposa acuada, cercada por meia duzia de umas magras galinhas.
0 Poeta nao e caminho nem porta. Apenas possui um mapa e uma senha para confecgao de uma c6pia da chave.
0 Poeta nasce e sobrevive da vontade que existe entre a alquimia aliberdade ea ansia de cada conquista.
0 Poeta e coma alguem numa conversa (de si para consigo mesmo) tentando ainda que em vao se explicar-se, diante do inexplicavel.
Este Poeta publicou alguns poucos poemas, raros livros. Amores e sonhos? Ah, esses muitos continuam impraticaveis, impublicaveis, ineditos, no fundo da gaveta, distante do prelo, tendo o ultimo, bem fundo, bem nas dobras do esquecido, par nao ter mais tanto par que viver.
De uma essencia incubada, nasce o Poeta. De uma ins61ita constancia, surge a ideia da Poesia.
lnquestionavelmente, Poeta e Poesia sempre se fundem. Mas, logicamente, jamais se aceitam, nunca se explicam, nem sempre se bicam.
Preciso mesmo deixar de ser Poeta, para a vida parar, enfim, de para sempre querer me violentar.
Ser Poeta e aceitar o dia-a-dia coma uma batalha, sempre se despindo eemnenhuma circunstancia sentir-se definitivamentenu.
Ser Poeta e viver em harmonia desfrutando da natureza em eterna poesia, nao apenas, necessariamente, coma maquina rotulada, intitulada poeta, com a obrigaGao de simplesmente versificar.
Poetar e despir-se do avesso, sem, no entanto, revelar-se par inteiro.
Poetar e simplesmente embalar as coisas pelo tempo a fora, pela vida a fora.
Poetar ou viver, eis uma constante questao. Um drama uma pedra, dolorosa opGao. Mero dilema?
Poema Poeta Poesia
Razoes de Ser &/Ou Nao Ser Poeta
LEITURA
A poesia e a vida
sao formas indecifraveis
de um estranho/diferenciado labor (in) existencia
onde cada Ser e um poema e cada Poema um ser
para serem ao final construfdos e contemplados a todo momenta
pois os sonhos se guardam no tempo para todo o sempre,
mais ate que alem da existencia.
A poesia e a vida
sao, ambas, leitura recfproca para completa viagem
de interpretagao e avaliagao
par tudo que possamos e pudemos ser,ter, fazer e mais que tudo isso,
ainda tambem poder sonhar.
A poesia e a vida
miram passado/futuro/presente onde o tempo cobra a imagem e o mundo a presenga
para lembrar que desta viagem
nada levamos nada somos nada temos nem nada em nos e totalmente puro nem realmente eterno.
LICENCA
A UM POETA MAIOR
Com licenga, sea Poeta pela nobre ousadia
de adentrar solo sagrado s6 pra ser mais um profeta no reino da poesia
onde foste mais que rei,
par isso que hoje es tanto…
A missao a qual me entrego nao passa de fantasia
mas, ao fardo nao me nego para ser poeta, um dia.
Das coisas que me acompanham muitas sei que sao estranhas
e meus versos se arrebanham depois de tantas faganhas…
Par isso, meu rei poeta bardo, menestrel, profeta
se hoje venho em seu socorro
e que da vida me morro ao tecer versos singelos
pra embalar sonhos belos e, ao final, viver a vida
e a ela pedir guarida
sem no entanto esquecer que o amor faz renascer
e somente esperar da vida o que ela de born grado puder enfim oferecer.
POETA
RENDIDO NA AURORA
Sou apenas um, a mais solto na madrugada tentando crer no silencio pra nao mais duvidar
da fe no amanhecer.
Sou apenas (me d6i tanto) mais um vadio
a buscar horas perdidas
e muitas loucuras contidas numa elegia, poema, soneto, ode, prosa, aria, embolada, ou tao somente
num mero trocadilho.
Sou apenas (agora sou mais) um velho que deixou pra tras pegadas e sonhos de amor vagando em tontas,
tantas madrugadas …
POESIA MALDITA
Toma
a minha poesia
e empunha a bandeira dos perdidos.
Sente
a minha poesia
e te embrenhes nos caminhos dos desiludidos.
Canta
a minha poesia
e te encantes com o amor dos sofridos.
Coma
a minha poesia
e arrote, bem forte, no vacuo dos desnutridos.
Durma
com a minha poesia
e sonha com o fracasso dos vencidos.
Nada
na minha poesia
e te banhes, enfim, nas aguas dos ungidos.
Dan a
na minha poesia
e espera de mim a revolu ao dos desvalidos.
Que a vida
ja nao goza do mesmo sabor.
Que a vida
ja nao conta com a mesma espada.
Que a vida
ja nao se encanta com a essencia da flor.
Que a vida
ja nem se valoriza tanto, quase mesmo nada.
A ESTRADA EA CHAVE
Existe um encontro com n6s, mesmos num reino abundante de Ifrios
onde ideias brigam-se em silencios
e se perdem em estaticos movimentos sem nenhuma calma nem violencia nenhum extase, consumaQao nem dor.
Nao busque vida nem morte na poesia porque a resposta pode estar numa estrada que a lugar nenhum conduz.
Mas ela vira, nao te faltara.
Nao te descabeles, porque a vida
e a porta que sempre se fecha para a temeridade da morte
e a morte a porta que sempre se abre para a lucidez da vida.
ASAS DE POETA
Canta o passaro ferido triste na esperanga
de ave molhada e doida na rubra antena da vida.
Gasta-se a palavra, cansa-se a poesia.
Ja ao poeta nada refiro porque sei que sofre mas, coma sempre acaba sobrevivendo.
Um v6o de encontro ao infinito assusta a noite e desafia estrelas. Arrepia a flor e, estranhamente eriga-lhe ao maxima o furor ardencia, realidade
e resistencia de seus espinhos.
Acusa ausencia, dor e distancia, a saudade
porque nunca me envolve o grito tampouco o brusco movimento.
Limito-me a cuidar da petala contemplo-a com meu nobre olhar, rego-a de meu mais puro orvalho enquanto um olhar translucido passeia sabre mil e uma coisas inimaginaveis ate surgir novato extase
com promessas, sonhos, ansias, anseios e desejos
de esquecer das submissoes
dos poderes e assombros da noite para, enfim, sobreviver.
Outros Poemas
& Cita oes de Eternas Ressonancias
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FETICHISMO
A negra e a noite enciumadas
por um mesmo negror
que para sempre as matiza.
A negra, triste reclama do breu que a vida para sempre lhe taxou.
A noite, soberba navega na pretidao
que outrora abragou.
Vao ambas,
nuas pela madrugada numa sina de fadiga tristemente redobrada.
Aos olhos da lua orvalhada
o tempo desfaz-se em silencios numa eterna cangao de esperar que um negro e a noite disputem a mesma negra para sempre amar e para tambem violentar.
VENCIMENTO
Quando chega a hara da angustia eterna
em que o sol arde apenas coma lea.a castrado,
a alma enternecida aquieta-se, entrega-se da vida para cousas estranhas, rumos incertos
e itinerarios tambem ainda nem sabidos.
Uma grande noite, entao, e langada a sorte
e da morte o que se espera nao passa de agoiro
e estranhez encaminhada pela mao da providencia que apesar de certeira e sabia, retoma os cantos de eternas malditas desesperansias.
Surge, entao, um querubim ca1do das nuvens. Espalha calma, abranda a luz, aponta um rumo, ensina a vida, conduz a fe e entoa um canto pra que tudo pare pra que o sonho vingue
pra que a vida siga pra que o Homem possa aguentar o tranco, seguir seu destino
e viver o encanto.
{f)e, 1{ ,&-
PRENUNCIO
Quando cai a tarde o peito acelera.
A saudade arde incitando a fera.
Amar-te quisera
em tontos momentos. Anjo, quern me dera ser inda em verdade
o forte qu’eu era.
Vivo hoje pouco
ante o que nao pudera.
Carro, feito louco fujo da quimera.
Numa va brancura um momenta houvera de grande candura.
A dor se impondera
desequilibra a sorte tanto, que a morte
ja se poe a espera.
Em coita me ponho e o viver tolera.
Ter-te mais que em sonho anjo, quern m’o dera
DOCE
CANTIGA BRAVA
Par quern cantam meus versos se em tristes au alegres cantos trazem-me outros universos esquecidos de meus encantos?
Par quern se cala minha voz se a forte palavra amiga retrai-se em mansa cantiga ja tao distante de nos?
Par quern viajam meus sonhos do infinito termo ao avesso
se, na pr6pria carne confesso tantos motivos tristonhos?
Par quern se movem meus passos que se revelam nas chagas
e me cobram outros abragos fora do tempo. Nas vagas???
BUCANEIRO
Num tempo de festas
s6is e esperan as naveguei mil mares
me prendi a vela.
Cavalguei o mundo.
E, coma queria ir alem da sorte
amarrei-me a cela.
Conheci a vida
e o grande misterio. Foi-se arrependida, apeguei-me a ela.
Tanto era o desejo que queria te-la leve feito a nevoa, alva feito a lua.
Mas, par infortunio hoje posso ve-la negra feito noite, longe feito estrela.
ALMAS VAGAS
Existe um tempo para cada um de n6s
destinado apenas a ser guardado.
Tempo livre do rel6gio desprendido de incertezas e de medos.
Tempo escrito nas paredes dos murais da ausencia implacavelmente madura, tao distante das coisas uteis para sempre indecifraveis.
Tempo revolto e dividido isento de luz, por horas a fio coma cidades repletas
com a imensa solidao
das multidoes de almas vazias.
Tempo em que se cala e espera
a implosao absoluta dos sentidos da infancia, dos valores
tantos poderes outros e muito mais, tambem, da pr6pria vida.
Tempo enfim querendo mais tempo, um tempo a mais, para mais amar e mostrar o que realmente somos com toda certeza agora
mas rancor mesmo, definitivamente, nenhum mais.
FLUIDEZ
-AGRICULTOR CONSUMADO-
Nao mais planto flares nem sonhos
porque ja nao ha sombras, tampouco esperangas.
Morreram todos os jardins
e quaisquer resquicios de calma.
Nao mais planto girass6is nem cactos
porque em tempos de guerra
os campos se encontram minados, ressequidos, estereis e frageis.
Nao mais planto paz nem descanso
porque a vida e labuta
e e necessario sempre lutar, convencer, sobreviver e veneer.
Nao mais planto amor nem certeza
porque desconhe o a car, tampouco sei onde darao o tronco e a profundidade de suas rafzes.
Nao mais planto vida nem sorte
porque a morte dofda o solo ja venceu, contaminou, dominou,
e para todo o sempre adotou.
Nao mais planto luz nem poesia
porque a origem m’e ignorada
e o reflexo imprevisfvel e incerto.
Certeza apenas
e de que tudo flui.
NOITE
As estradas da alma conduzem um comboio de eternas esperangas part idas.
No acostamento, lembrangas em quadrilhas engarrafam a passagem do que poderia ter sido desde ha muito leito facil
a escoar essencias exauridas ate entao arrebatadas
pela lentidao do acaso.
0 poema o poeta e a poesia viajam partidos contidos sofridos para um novato estranho pafs eterno em constante espera
das coisas que nascem, que encantam e que vagam ao leu
ganhando brilho, encanto
e a soturna paz da imensidao de todo o limiar do ceu.
ESTE PROJETO FOi EXECUTADO COM RECURSOS DA LEI PAULO GUSTAVO EDITAL DE CHAMADA PUBLICA NQ005/2023